Módulo II
Vídeo aula 2
Fórum escolar de ética e de cidadania
Pensando ainda
na escola em que dei aula há seis anos, explicitada no capítulo anterior deste
mesmo módulo, as ações poderiam ter sido mais extensas na continuidade do
projeto. Chegamos a fazer três reuniões escolares, que hoje, melhor elaborada, chamaria de Fórum Escolar porque havia
representantes de pais, alunos, funcionários da escola, moradores do bairro e
presidente da associação dos moradores do bairro, onde discutimos as ações para
melhorar o meio ambiente daquele bairro.
A reunião foi
proveitosa no sentido da discussão que permeou os assuntos envolvidos, como por
exemplo, montar uma cooperativa de reciclagem do lixo, o que não deu certo por
falta de liderança qualificada, fazer uma petição para o prefeito para ter água
e esgoto encanado em todas as casas, iluminação pública em todas as ruas,
enfim, mobilizar todos os seguimentos da sociedade para melhorar a qualidade de
vida do local.
Muito se
conseguiu, mas não houve continuidade das ações.
Poderíamos ter
chamado para fazer parte dessa reunião os comerciantes como donos de bares e
mercadinhos, costureiras, barbeiro, donas de salão de cabeleireira, artesãos,
as enfermeiras do postinho médico e ainda a policial militar que dá aula no
Proerd (programa educacional de resistência às drogas), o diretor da fazenda de
recuperação de drogados, representante da casa das irmãs (freiras), os
leiteiros, já que muitos trabalham em fazendas vizinhas ao bairro, enfim,
escutar mais essas pessoas que também moram lá.
Uma das
características desse bairro que por longe, um tanto escuro, sem calçamento,
cheio de vegetação que cresce desordenadamente em quintais muito grandes, é o
uso e tráfico de drogas. Nesse sentido, poderíamos promover um trabalho intenso
com os dependentes químicos já recuperados da fazenda de recuperação. Oferecer
palestras, e assistência a quem desejasse. Os professores e as enfermeiras do
postinho médico poderiam trabalhar essa questão em ciências físicas, biológicas
e sociais, discutindo o que leva uma pessoa a ter esse comportamento e quais
suas consequências para o corpo – dependência – e no convívio com a sociedade.
Montar uma
cooperativa aos que desejassem aprender o ofício de artesão e trabalhar
montando peças com o material recolhido para ser reciclado. Estimativa,
custo-benefício, divisão de trabalho, administração da renda conseguida, fazem
parte da matemática estudada na escola e aplicada no cotidiano.
Na chácara das
freiras tem uma boa horta que poderia ser ampliada e virar emprego até para os
alunos do nono ano. Estudo das épocas mais adequadas para o plantio, adubo
orgânico, metragem de cada canteiro e cada cova, tempo de semear e tempo de
plantar, irrigação, seriam assuntos de discussão em sala de aula.
E, então, num
fórum realizado pela escola todas essas questões deveriam estar em pauta com estudos,
avaliações, idealizações de metas e realizadas por todos.
Tudo isso numa
convivência democrática, respeitando cada aluno e morador, sem excluir ninguém.
Mas para isso é preciso estar disposto a abrir as portas da escola e assumir
que os problemas que a sociedade enfrenta hoje são nossos, porque nós somos a
sociedade, e não adianta fingir que esse problema está fora da escola.
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