Módulo II
“Educação comunitária, saúde e cidadania na escola”
Vídeo aula - 6
Educação comunitária e questões de gênero na escola
A abordagem
feita pela professora Valéria se refere aos vários tipos de comportamento das
pessoas com violência ou não, sendo ela verbal, física, psicológica. Mas professora
que sou percebo muito essa diferença de característica na minha sala de aula.
Um ano que dei aula para um terceiro ano, do Ensino Fundamental I, tinha dezoito
meninos e dez meninas. Era uma turma com característica predominantemente
competitiva, com maior número de conflitos, mais agitada, mais briguenta, com maior
situação de disputa. Num outro ano que dei aula para uma turma do mesmo ano com
quinze meninas e oito meninos o grupo se mostrou mais calmo, com mais
concentração, mais cooperação estre eles, e com mais disposição a chegar numa
maneira de resolver os conflitos que surgiam em sala de aula.
Essa é uma
situação visível em sala de aula que o professor pode fazer uma intervenção
para minimizar essas características levantando hipóteses e reflexões de onde
isso começa.
A
última edição do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa),
referente ao ano de 2009 e divulgado no início de dezembro, mostrou, entre outros
dados, algo que os professores já perceberam há tempos: a diferença de gênero
também se reflete no desempenho dos estudantes em sala de aula. A pesquisa
avaliou alunos de 15 anos em 65 países e mostrou que, no Brasil, as meninas são
mais eficazes em leitura, enquanto os meninos se destacam em Ciências e
Matemática.
Além de
uma simples diferença, este quadro representa um amplo desafio aos docentes,
que precisam lidar com as potencialidades de cada um e ao mesmo tempo estimular
os alunos nas áreas em que eles não têm tanto interesse. A tarefa não é fácil,
pois exige atenção e jogo de cintura dos professores na hora de passar os conteúdos
aos jovens, que também apresentam características individuais no aprendizado.
Cultura também determina as
diferenças
Toda a vida escolar de meninos e meninas é marcada
pelas diferenças de comportamento e desempenho entre os dois gêneros. A
rivalidade entre eles é a marca das primeiras séries do ensino fundamental. Já
nos anos que antecedem o ensino médio, o interesse pelo sexo oposto começa a se
despertar. Nesta fase, em que ocorre a puberdade, o desenvolvimento de cada
gênero também interfere no desempenho escolar. Geralmente as meninas se
desenvolvem mais rapidamente, enquanto os meninos amadurecem em um ritmo mais
lento. A professora do setor de educação da Universidade Federal do Paraná
(UFPR) Maria Rita de Assis César aponta, no entanto, outro fator determinante
para a diferença entre os gêneros: a formação.
“Ao invés de uma diferença biológica, é mais
interessante pensar na maneira com que os jovens são tratados no processo
educacional como um todo, em casa, na escola e na rua”, afirma. Na avaliação da
especialista, há um direcionamento em toda a formação do aluno assim que se
descobre o sexo, quando ele ainda está no útero de sua mãe.
Às meninas são direcionados afazeres que exigem
capricho, limpeza e humanidades e aos meninos atividades técnicas, ligadas ao
matemático. “É lógico que o resultado será diferente, os estímulos são
diferentes. Qualquer pesquisa biológica ou neurológica em relação a isso é
bobagem”, opina a especialista.
Os pais também são responsáveis pelos
resultados apresentados pelos estudantes em sala de aula, advertem os
estudiosos no assunto. Além de estimular seus filhos em suas diversas
potencialidades, eles precisam investir também na formação de um gênero mais plural,
com diversas habilidades. (CGB)
“O professor precisa estruturar a maneira de
ensino prevendo a diversidade na maneira de aprender. Estas diferenças são
maiores que a questão do gênero, elas acontecem de pessoa para pessoa”,
ressalta a doutora em Educação e professora do curso de Pedagogia da Pontifícia
Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Evelise Portilho.
Os
relatos de alguns professores do ensino fundamental e médio mostram que as
diferenças são realmente notáveis. De acordo com eles, as meninas são mais
concentradas nas atividades de leitura e produção de texto, ao mesmo tempo em
que os meninos são mais agitados e se interessam por experimentos científicos e
atividades de cálculo. “Até mesmo os livros que eles escolhem são aqueles que
aprofundam o conhecimento científico e tecnológico. Nas discussões sobre as
obras, os meninos participam muito mais quando trabalham com estes temas”,
conta a professora de Língua Portuguesa, Lucimara Costa Gai. Ela ainda ressalta
que entre as meninas, a preferência é por assuntos ligados ao sentimento.
Nas
aulas de Matemática, a professora Simone Danielle Tychanowicz sente que os
alunos absorvem facilmente a matéria por já estarem mais familiarizados com
unidades de medidas e cálculos em geral. “Por outro lado percebo que as meninas
precisam rever o conteúdo em casa. Elas vão bem na disciplina porque estudam
bastante”, diz. O mesmo acontece nas aulas de Ciências e Química ministradas
pelo professor Fernando Costa. “O interesse pelas atividades práticas em
laboratório é dos meninos, enquanto as garotas ficam mais tímidas. Mas, quando
é preciso fazer leituras, elas compreendem muito mais.”, afirma.
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