Módulo II
“Saúde na escola”
Vídeo aula - 15
Sexualidade na
escola
Hoje, muitas
famílias não sabem como assumir o seu papel na educação dos seus filhos. É na
tela da TV e da internet, na mídia escrita e cantada, que a violência invade
nossos lares e a privacidade das famílias diariamente, comprometendo e
deseducando nossas crianças, tornando-as precocemente erotizadas,
desestruturando a formação idealizada pelas famílias e educadores, e até destruindo
sua formação moral.
A educação
sexual acontece primordialmente no contexto da família onde a criança está
inserida. Muitos pais preferem nem tocar no assunto. Outros super estimulam as
crianças, achando engraçadinho ver crianças de 1, 2, 3 anos beijarem na boca,
ao som de frenéticas risadinhas, ou indagações do tipo: "Quem é seu
namorado?" As meninas vestem micro saias, ou micro shorts, os meninos são
empurrados a desejar modelos como Tiazinha, Carla Perez, Feiticeira, etc. A
geração anterior era muitas vezes punida e repreendida caso mencionasse ou
quisesse saber alguma coisa a respeito de sexualidade. A atual é bombardeada
pela estimulação precoce à erotização.
Na sala de aula
encontramos alunos em vários os estágios de maturidade sexual. E é interessante
como eles lidam com seus afetos. Nunca tive problema em ministrar conteúdos
relacionados ao corpo humano ou gestação, ou ainda escutar dos meus alunos
problemas de relacionamento com seus namorados e namoradas.
Há os que
acreditam que só estão lidando com a sexualidade a partir do momento em que ela
é falada, seja através de informações ou explicações a respeito. Mas onde
inicia então esta relação? Quando a mãe e o pai cuidam do bebê, brincam com
este, na maneira como se relacionam com ele, ao mesmo tempo em que o casal vive
uma relação afetiva, gratificante ou não, quando os limites de cada papel e
relação ficam bem definidos e marcados, quando a criança pode concluir que amar
é ou não possível, está recebendo educação sexual. Quando se pensa em educação
sexual na infância, automaticamente tem que se pensar, também, em
desenvolvimento emocional, isto é, tem que se levar em conta o nível de
maturidade e as necessidades emocionais da criança. É importante que as
questões da criança tenham espaço para serem colocadas e respondidas com
clareza, simplicidade, na medida em que esta curiosidade vai se dando. Ás
vezes, alguns pais querem se livrar logo do assunto e na ansiedade disparam a
falar além da necessidade da criança, na tentativa muitas vezes frustrada de
que nunca mais vão precisar falar sobre o assunto. Quando uma criança pergunta,
por exemplo, como o bebê foi parar na barriga da mãe não quer dizer que ela
queira ou aguente saber detalhes com relação ao ato sexual dos pais. Responder
a criança de maneira simples, clara e objetiva satisfaz sua curiosidade. A
satisfação dessas curiosidades contribui para que o desejo de saber seja
impulsionado ao longo da vida, enquanto que a não satisfação ou o excesso de
informações gera ansiedade e tensão.
A sexualidade infantil é diferente da sexualidade adulta, não contém os mesmos componentes e interesses. Muitas vezes através da dramatização, a criança compreende, elabora, vivencia a realidade que vive. Compreende papéis (mãe, pai, filho, homem, mulher, etc.), embora muitas vezes já se perceba menino ou menina e já conheça seus órgãos genitais, experimenta na brincadeira sexos indiferentemente. Perdeu-se hoje, de uma forma geral, a noção do que é pertinente a criança. Vejo com frequência adultos se dirigirem a criança como se estivessem se dirigindo a adultos em miniatura. Não sabem como se aproximar delas, sobre o que falar e de que maneira.
Ao ouvirem uma
criança se referir a outra como sendo seu namorado entendem isto dentro do
parâmetro de adulto, às vezes desesperando-se, às vezes estimulando, poucos
lidam com este dado na dimensão do contexto e por quem ele é apresentado.
Há crianças que, super estimuladas,
encontram na erotização a única forma de se relacionar. O afeto é erotizado e
os movimentos, a vestimenta e a maneira como se comportam, tem o sentido de
provocar uma relação erotizante. Apresentam, portanto, distorção em sua
capacidade de sentir, pensar, integrar, conhecer e de relacionar, pois são
estimuladas a dar um salto para a sexualidade genital, que não têm condições
emocionais, biológicas e maturidade de realizar, despertando, muitas vezes,
alto nível de ansiedade e depressão.
Torna-se necessário que a escola assuma sua responsabilidade
de educar e orientar seus alunos. O educador precisa cada dia mais estar
preparado para ajudar o aluno a fazer suas próprias descobertas, construindo
conceitos de preservação e respeito do próprio corpo e do corpo do outro e
ainda como prevenir doenças. Os conteúdos devem ser contextualizados e
trabalhados na sua totalidade dentro dos conhecimentos físicos, biológicos e
espirituais.
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