Módulo III
“Direitos Humanos”
Vídeo aula - 9
Sujeito de direitos
História - João e Maria
Às margens de uma extensa mata existia,
há muito tempo, uma cabana pobre, feita de troncos de árvore, na qual morava um
lenhador com sua segunda esposa e seus dois filhinhos, nascidos do primeiro
casamento. O garoto chamava-se João e a menina, Maria.
A
vida sempre fora difícil na casa do lenhador, mas naquela época as coisas
haviam piorado ainda mais: não havia comida para todos.
— Minha mulher, o que será de nós? Acabaremos todos por morrer de necessidade. E as crianças serão as primeiras…
— Há uma solução… — disse a madrasta, que era muito malvada. — Amanhã daremos a João e Maria um pedaço de pão, depois os levaremos à mata e lá os abandonaremos.
O lenhador não queria nem ouvir falar de um plano tão cruel, mas a mulher, esperta e insistente, conseguiu convencê-lo.
No aposento ao lado, as duas crianças tinham escutado tudo, e Maria desatou a chorar.
— Não chore — tranquilizou-a o irmão — Tenho uma ideia.
Esperou que os pais estivessem dormindo, saiu da cabana, catou um punhado de pedrinhas brancas que brilhavam ao clarão da lua e as escondeu no bolso. Depois voltou para a cama.
No dia seguinte, ao amanhecer, a madrasta acordou as crianças.
As crianças foram com o pai e a madrasta cortar lenha na floresta e lá foram abandonadas.
João havia marcado o caminho com as pedrinhas e, ao anoitecer, conseguiram voltar para casa.
O pai ficou contente, mas a madrasta, não. Mandou-os dormir e trancou a porta do quarto. Como era malvada, ela planejou levá-los ainda mais longe no dia seguinte.
João ouviu a madrasta novamente convencendo o pai a abandoná-los, mas desta vez não conseguiu sair do quarto para apanhar as pedrinhas, pois sua madrasta havia trancado a porta. Maria desesperada só chorava. João pediu-lhe para ficar calma e ter fé em Deus.
Antes de saírem para o passeio, receberam para comer um pedaço de pão velho. João, em vez de comer o pão, guardou-o.
Ao caminhar para a floresta, João jogava as migalhas de pão no chão, para marcar o caminho da volta.
Chegando a uma clareira, a madrasta ordenou que esperassem até que ela colhesse algumas frutas, por ali. Mas eles esperaram em vão. Ela os tinha abandonado mesmo!
— Minha mulher, o que será de nós? Acabaremos todos por morrer de necessidade. E as crianças serão as primeiras…
— Há uma solução… — disse a madrasta, que era muito malvada. — Amanhã daremos a João e Maria um pedaço de pão, depois os levaremos à mata e lá os abandonaremos.
O lenhador não queria nem ouvir falar de um plano tão cruel, mas a mulher, esperta e insistente, conseguiu convencê-lo.
No aposento ao lado, as duas crianças tinham escutado tudo, e Maria desatou a chorar.
— Não chore — tranquilizou-a o irmão — Tenho uma ideia.
Esperou que os pais estivessem dormindo, saiu da cabana, catou um punhado de pedrinhas brancas que brilhavam ao clarão da lua e as escondeu no bolso. Depois voltou para a cama.
No dia seguinte, ao amanhecer, a madrasta acordou as crianças.
As crianças foram com o pai e a madrasta cortar lenha na floresta e lá foram abandonadas.
João havia marcado o caminho com as pedrinhas e, ao anoitecer, conseguiram voltar para casa.
O pai ficou contente, mas a madrasta, não. Mandou-os dormir e trancou a porta do quarto. Como era malvada, ela planejou levá-los ainda mais longe no dia seguinte.
João ouviu a madrasta novamente convencendo o pai a abandoná-los, mas desta vez não conseguiu sair do quarto para apanhar as pedrinhas, pois sua madrasta havia trancado a porta. Maria desesperada só chorava. João pediu-lhe para ficar calma e ter fé em Deus.
Antes de saírem para o passeio, receberam para comer um pedaço de pão velho. João, em vez de comer o pão, guardou-o.
Ao caminhar para a floresta, João jogava as migalhas de pão no chão, para marcar o caminho da volta.
Chegando a uma clareira, a madrasta ordenou que esperassem até que ela colhesse algumas frutas, por ali. Mas eles esperaram em vão. Ela os tinha abandonado mesmo!
- Não chore Maria, disse João. Agora, só temos é que seguir a trilha que eu fiz até aqui, e ela está toda marcada com as migalhas do pão.
Só que os passarinhos tinham comido todas as migalhas de pão deixadas no caminho.
As crianças andaram muito até que chegaram a uma casinha toda feita com chocolate, biscoitos e doces. Famintos, correram e começaram a comer.
De repente, apareceu uma velhinha, dizendo: - Entrem, entrem, entrem, que lá dentro tem muito mais para vocês.
Mas a velhinha era uma bruxa que os deixou comer bastante até caírem no sono e confortáveis caminhas.
Quando as crianças acordaram, achavam que estavam no céu, parecia tudo perfeito.
Porém a velhinha era uma bruxa malvada que e aprisionou João numa jaula para que ele engordasse. Ela queria devorá-lo bem gordo. E fez da pobre e indefesa Maria, sua escrava.
Todos os dias João tinha que mostrar o dedo para que ela sentisse se ele estava engordando. O menino, muito esperto, percebendo que a bruxa enxergava pouco, mostrava-lhe um ossinho de galinha. E ela ficava furiosa, reclamava com Maria:
- Esse menino, não há meio de engordar.
- Dê mais comida para ele!
Passaram-se alguns dias até que numa manhã assim que a bruxa acordou, cansada de tanto esperar, foi logo gritando:
- Hoje eu vou fazer uma festança.
- Maria, ponha um caldeirão bem grande, com água até a boca para ferver.
- Dê bastante comida paro seu o irmão, pois é hoje que eu vou comê-lo ensopado.
Assustada, Maria começou a chorar.
— Acenderei o forno também, pois farei um pão para acompanhar o ensopado. Disse a bruxa.
Ela empurrou Maria para perto do forno e disse:
- Entre e veja se o forno está bem quente para que eu possa colocar o pão.
A bruxa pretendia fechar o forno quando Maria estivesse lá dentro, para assá-la e comê-la também. Mas Maria percebeu a intenção da bruxa e disse:
- Ih! Como posso entrar no forno, não sei como fazer?
- Menina boba! disse a bruxa. Há espaço suficiente, até eu poderia passar por ela.
A bruxa se aproximou e colocou a cabeça dentro do forno. Maria, então, deu-lhe um empurrão e ela caiu lá dentro . A menina, então, rapidamente trancou a porta do forno deixando que a bruxa morresse queimada.
Mariazinha foi direto libertar seu irmão.
Estavam muito felizes e tiveram a ideia de pegarem o tesouro que a bruxa guardava e ainda algumas guloseimas .
Encheram seus bolsos com tudo que conseguiram e partiram rumo a floresta.
Depois de muito andarem atravessaram um grande lago com a ajuda de um cisne.
Andaram mais um pouco e começaram a reconhecer o caminho. Viram de longe a pequena cabana do pai.
Ao chegarem na cabana encontraram o pai triste e arrependido. A madrasta havia morrido de fome e o pai estava desesperado com o que fez com os filhos.
Quando os viu, o pai ficou muito feliz e foi correndo abraça-los. Joãozinho e Maria mostraram-lhe toda a fortuna que traziam nos seus bolsos, agora não haveria mais preocupação com dinheiro e comida e assim foram felizes para sempre.
A história
de “João e Maria” é um clássico muito conhecido da tradição oral, registrada e
publicada por Jacob e Wilhelm Grimm, os Irmãos Grimm, no início do século XIX.
Trata-se de uma história que nas suas múltiplas variantes apresenta as
experiências vividas por duas crianças em situação de miséria e abandono...
Para o leitor de hoje, os personagens da história parecem muito mais familiares
do que se gostaria: a família com problemas de sobrevivência, precárias
condições de vida das crianças, pobreza, abandono, falta de alternativas, etc.
Num certo sentido, associamos o contexto de vida dos personagens da história
àquele de crianças e adolescentes vivendo, como diríamos numa linguagem atual,
em “situação de risco”. Porém, apesar de fundamental e imperativa, a nossa indignação
e empatia para com os sofrimentos descritos naquela história pode nos levar a
deixarmos despercebida, ou pelo menos colocarmos em segundo plano, uma
diferença significativa entre o que está sendo narrado nela e a nossa visão
sobre as crianças e adolescentes em “situação de risco” hoje.
Pensando no
que está sendo declarado pela norma, a criança é um sujeito de direito pleno. Só
que este sujeito de direito pleno está em uma situação especial. Encontra-se em
desenvolvimento, o que suscita o que a doutrina chama de proteção integral.
O artigo 5º do Estatuto da Criança e do
Adolescente assevera:
” Nenhuma criança ou adolescente será objeto
de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou
omissão, aos seus direitos fundamentais.
A ideia primordial
decorrente dos princípios expostos nas leis de proteção da criança é a de
colocá-la a salvo de toda e qualquer forma de violência. A dificuldade, segundo
o professor Guilherme, é garantir a proteção integral do ser quando este também
é capaz de praticar a violência. Eis a razão pela qual encontramos vários
problemas no contexto escolar. As pessoas não conseguem resolver de forma
satisfatória os conflitos. É preciso criar oportunidades de diálogo. Diálogo em
que ocorram trocas, em que ocorra a superação dos conflitos. Paul Ricoeur asseverou:
”O que está para além da violência e que é contrário a ela, é o uso da
palavra!” Então, o modo de superar o conflito é através do uso da palavra e não
da violência. É com o uso da palavra que descobrimos formas possíveis de
afinidade, áreas possíveis de trabalho em comum.
O fato triste é que muitos professores
não querem tratar dos conflitos. Entretanto, Michel Authier disse que não
há conhecimento sem problema. Sendo assim, requer-se do professor a disposição
para tratar do problema. O professor Guilherme reconheceu que é uma tarefa
hercúlea, gigantesca, porém, extremamente necessária. É imprescindível que
todos os professores procurem trabalhar no sentido do desenvolvimento de
práticas de constituição do sujeito de direito. É necessário concedermos as
nossas crianças a oportunidade de desfrutarem da infância e um dia sentirem saudades
da mesma e não procurarem esquecê-la por ter sido marcada por amargas
lembranças.
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